quinta-feira, 18 de junho de 2009

UM POTENCIAL ESQUECIDO

Historicamente, as mulheres negras sempre exerceram liderança nas comunidades. Depois da Abolição dos Escravos, os negros brasileiros deixaram de ser um elemento essencial na ordem econômica e passaram a ficar na marginalidade. A ideologia do “branqueamento da raça” trouxe para o país os imigrantes, identificados como os trabalhadores ideais.

Diante da marginalidade sofrida pelos homens negros, são as mulheres que vão assumir a sobrevivência das comunidades como quituteiras, domésticas, lavadeiras... O que acaba se constituindo no que chamamos de o “matriarcado da miséria”. Todas as famílias negras brasileiras tem uma ancestral, a chamada mãe negra, que à custa de muito sacrifício pessoal assegurou que seus descendentes tivessem uma outra condição de vida.

O candomblé é uma das poucas religiões cuja liderança é preferencialmente feminina. Na cultura africana, a mulher não é uma pessoa desprovida de poder, como na cultura judaico-cristã. As mulheres são até controladas pelos homens, mas porque se enxerga nelas o poder sobre as forças da natureza, um poder temido.

Quando o feminismo moderno bradou para que as mulheres pudessem trabalhar fora, ocupassem as praças, deixassem de ser condenadas ao mundo privado, para a maioria das mulheres negras isto soou estranho, pois elas já estavam nas ruas há muito tempo, trabalhando e lutando pelo seu sustento e de suas famílias. Entretanto, como essas mulheres possuem baixa escolaridade, são estigmatizadas pela herança da escravidão, ou seja, são socialmente desqualificadas, essa liderança não é reconhecida.

O fato de não ser reconhecida impede que esta liderança possa se desenvolver plenamente e expressar toda a potencialidade das mulheres negras. Se houvesse investimento nessa força, isso permitiria a sociedade ter acesso a uma série de talentos.




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