
Historicamente, as mulheres negras sempre exerceram liderança nas comunidades. Depois da Abolição dos Escravos, os negros brasileiros deixaram de ser um elemento essencial na ordem econômica e passaram a ficar na marginalidade. A ideologia do “branqueamento da raça” trouxe para o país os imigrantes, identificados como os trabalhadores ideais.
Diante da marginalidade sofrida pelos homens negros, são as mulheres que vão assumir a sobrevivência das comunidades como quituteiras, domésticas, lavadeiras... O que acaba se constituindo no que chamamos de o “matriarcado da miséria”. Todas as famílias negras brasileiras tem uma ancestral, a chamada mãe negra, que à custa de muito sacrifício pessoal assegurou que seus descendentes tivessem uma outra condição de vida.
O candomblé é uma das poucas religiões cuja liderança é preferencialmente feminina. Na cultura africana, a mulher não é uma pessoa desprovida de poder, como na cultura judaico-cristã. As mulheres são até controladas pelos homens, mas porque se enxerga nelas o poder sobre as forças da natureza, um poder temido.
Quando o feminismo moderno bradou para que as mulheres pudessem trabalhar fora, ocupassem as praças, deixassem de ser condenadas ao mundo privado, para a maioria das mulheres negras isto soou estranho, pois elas já estavam nas ruas há muito tempo, trabalhando e lutando pelo seu sustento e de suas famílias. Entretanto, como essas mulheres possuem baixa escolaridade, são estigmatizadas pela herança da escravidão, ou seja, são socialmente desqualificadas, essa liderança não é reconhecida.
O fato de não ser reconhecida impede que esta liderança possa se desenvolver plenamente e expressar toda a potencialidade das mulheres negras. Se houvesse investimento nessa força, isso permitiria a sociedade ter acesso a uma série de talentos.
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